Uma enxurrada inédita de novos navios porta-contêiner está prestes a entrar em serviço. O ritmo das entregas vai acelerar no próximo mês, aumentará mais no segundo, terceiro e no quarto trimestre, irá acelerar mais ainda ao longo de 2024 e continuará forte em 2025.
“Essa colossal carteira de pedidos é como uma espada de Dâmocles pairando sobre o mercado, com uma série de novas entregas de navios nos próximos meses, inevitavelmente provocando um retorno de sobre capacidade”, alertou a Alphaliner, em um novo relatório na terça-feira.
“As alterações serão óbvias a partir de meados de março”, disse o analista da Alphaliner Stefan Verberckmoes à American Shipper, acrescentando: “Esta nova onda de construção está chegando em um momento de redução da demanda”.
A Maritime Strategies International (MSI) estima que as entregas totalizarão 717.900 TEUs no 2° trimestre de 2023, um aumento de 62% sequencialmente em relação ao trimestre atual, com entregas subindo para 764.800 TEUs no terceiro trimestre de 2023.
Entregas de navios principais por transportadora
A carteira de encomendas global situava-se em 7,69 milhões de TEUs em 1° de fevereiro, pouco menos de 30% da capacidade da frota na água, segundo a Alphaliner.
Do total, 2,48 milhões de TEUs (32%) foram previstos para entrega neste ano, 2,95 milhões de TEUs (38%) no próximo e 2,26 milhões de TEUs (30%) posteriormente.
No relatório de terça-feira, a Alphaliner analisou as entregas de novos navios a serem implantados nos principais negócios das 11 maiores transportadoras. Estes números são particularmente importantes para importadores nos EUA e na Europa atendidos por navios de linha principal.
As estatísticas mostram 89 novos navios de linha para entrega no restante de 2023, seguidos por 130 no próximo ano e 96 em 2025, para 315 nos próximos três anos. (Incluindo novos edifícios para operações fora da linha principal, ou seja, navios menores, navios intra-asiáticos e navios coletores. Os dados da Alphaliner mostram que estas 11 transportadoras encomendaram 499 novos edifícios.)
A Mediterranean Shipping Co. (MSC), a maior transportadora marítima do mundo, está recebendo de longe a maior capacidade da linha principal até 2025. Ela dispõe de 92 navios desses em andamento, incluindo 33 no restante deste ano.
A CMA CGM tem o segundo maior número de encomendas de navios de linha principal, com 38, a maioria sendo entregue no próximo ano. A Cosco (incluindo a OOCL) tem a terceira maior quantia em 32. A OOCL realizou uma cerimônia de nomeação para sua nova embarcação, a OOCL Spain, de 24.188 TEUs, no estaleiro NACKS da China, em 16 de fevereiro.
A MSC está bem focada em Neopanamaxes mais flexíveis. Eles representam 62% das suas entregas de navios de linha até 2025, segundo os dados da Alphaliner. Navios Neopanamaxes representam 58% das encomendas de navios de linha da CMA CGM.
As entregas de Neopanamaxes e outros navios de linha serão numerosas ao longo de 2023-25, mas particularmente no próximo ano (44% do total de entregas), implicando em maiores pressões de capacidade nas taxas transpacíficas em 2024.
Matt Cox, o CEO da transportadora transpacífica Matson (NYSE: MATX), abordou o dilema da carteira de pedidos durante uma conferência trimestral na terça-feira.
“O que eu acho que irá acontecer e deve acontecer é que as transportadoras oceânicas internacionais, operando através de suas alianças globais, acabarão por redimensionar suas frotas no transpacífico e no mundo inteiro”, disse Cox.
“Há uma grande remessa de pedidos. Esses navios serão entregues. Alguns deles atrasarão. Veremos também um nível avançado de sucateamento. E para os navios fretados — que representam cerca de 50% da frota global — muitos serão devolvidos aos armadores quando os períodos de fretamento terminarem.
“Você verá uma combinação de redimensionamentos (estratégicos) que irão ocorrer, mesmo potencialmente com embarcações cessando suas atividades”, adicionou Cox. Ele espera que estas estratégias se intensifiquem “no decorrer dos próximos meses”.
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